quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

Livraria Cultura e a intolerância

Sempre fui cliente da Livraria Cultura. Os preços nem são competitivos, mas gostava do atendimento e da disposição dos livros na loja, em meio a sofás em corredores largos. No entanto, essa semana soube de uma série de três episódios que me fizeram repensar minha posição como consumidora dessa loja.
Tudo começou quando soube das chamadas que os funcionários levavam por atrasarem 1 minuto. Veja bem, 1 minuto. Estamos em São Paulo, 2009, com mil problemas de transporte público e excesso de carros na cidade. Haja intolerância para não entender um minuto de atraso nessa cidade caótica, que de dois anos pra cá só piorou. Entendo perfeitamente que você tem um horário a cumprir, mas pensei estar subentendido que somos seres humanos e dependemos de diversos fatores externos para chegar ao trabalho, incluindo trânsito. A empresa que não considerar isso em 2009, me desculpe, parou no tempo. É para isso que existe a famosa compensação de horários. Todo mundo trabalha, todo mundo se entende e a harmonia reina no ambiente de trabalho.
Mas isso ainda passa. Aí vem o segundo problema: os funcionários não podem usar o celular no trabalho. É uma regra. Ok, vamos combinar que eu como consumidora não quero ter que esperar o funcionário falar com a namorada para me atender, mas há casos e casos. Dias desses um funcionário foi advertido por usar o celular na loja no meio do expediente. Como argumento, o líder disse que um outro funcionário está com a mulher prestes a ganhar bebê e nem ele usa o celular, por que o funcionário, então, usaria? Imagina você, prestes a ser pai, sem poder usar o celular por causa de uma regra extremamente controladora, que dispensa o bom senso? A alternativa de se recolher para o canto da loja foi dispensada? Por quê? Por dois minutos de ausência de um funcionário?
Mas a decisão de não voltar à loja vem agora. Em uma reunião com o grupo, o líder disse que ali dentro ninguém era amigo de ninguém, que só haviam se conhecido por causa da Cultura. Uma atitude, ao meu ver, extremamente desintegradora, que só piora o clima de trabalho.
Protegerei minha fonte, que segue na empresa porque precisa trabalhar e o Brasil não tem ajudado muito. Seria de extrema importância ouvir o lado da Cultura a respeito desses três episódios, até para que tudo fique esclarecido e todo mundo ganhe com a transparência e honestidade. É disso que nosso país precisa nesse momento. Empresas sérias que vejam as pessoas como seres humanos, não números de crachás.
Escrevi esse post porque estou cansada de ver tanta injustiça em ambientes de trabalho. A cada semana ouço novas histórias de abuso de poder, intolerância, preconceito e por aí vai. Enquanto as pessoas não aprenderem a denunciar as injustiças, continuaremos reféns de um sistema controlador, que só favorece uma pequena minoria dominante.
Espero que seja tudo um grande mal-entendido. Temos que acreditar.